Feito há mais de 20 anos, num distante 1997, o filme de Paul Thomas Anderson anunciava uma cultura de exposição e vulgaridade onde a decadência moral e depravação é o normativo. Boogie Nights relata o culto ao sexo em seus meandros e bastidores num submundo de drogas e devassidão autodestrutiva. O ato sexual como um negócio não é algo novo, mas a sua normatização falocêntrica se torna emblemática denúncia nesse filme. De um casal o qual a esposa faz sexo em lugares públicos com terceiros, ao mero ato como recreativo acompanhado em orgias de festas regadas a drogas e onde mesmo overdoses são comuns. O filme que mostra tais coisas sem filtros parece cada vez mais se tornar um hábito cotidiano o que antes era estrito a indústria do sexo, algo que ao alimentar o desvalor a mulher parece favorecer a cultura do estupro ante a facilidade vulgar do ato do coito num pais em que a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. Esse falocentrismo é muito bem explanado na ideia de Paul Anderson com ênfase no final onde o pênis do astro de filmes pornô é evidenciado em detrimento da ocultação de seu rosto, a celebração do falo masculino, como identidade, com mais propriedade do que seu próprio rosto. Serve como denúncia a nossa cultura de bundas e carnaval onde a sociedade se limita a ser exclusivamente os que "comem" ou são "comidos".
O longo caminho a decadência é descrita a culminar no conformismo com uma vida rasteira, abaixo da cintura. Não é um filme para todos, mas bom objeto de estudo sobre vidas vazias e autodestrutivas ao viverem em função do ato do coito em escala industrial. O culto as niilidades onde não há produção intelectual mas apenas a reprodução sexual, mas o filme não é indicado aos que tem estômago fraco ao mostrar a realidade sem véu.
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