A 'era dos títulos' tem uma tradução mais precisa, 'era da hipocrisia', digo isto pois a ostentação não faz o ser, mas sim o que ele faz. De certo modo nem escritor seria, pois atribuí-se a isto quem ganha a vida escrevendo quando pra mim apenas se trata de uma filosofia de vida que por necessidade me compele a escrita. Assim digo-me como autor, um entusiasta das ideias, por hobby e amor, não profissão que é remunerada. Mas alguns pensam como criticou Stephen King (que não por menos fez aniversário em setembro) ao achar que ser "escritor" é ter fama, dinheiro, bajulação e transar muito como se o ato consequente do objetivo de sê-lo fosse o objetivo em si.
Não é isso que busco, não subverto meios e objetivos num menosprezo da essência em detrimento da aparência. Mas a mediocridade é desse modo, pra mim escritor não é quem transa e é aplaudido por faze-lo, mas por faze-lo.
Você poderia-se atribuir um primoroso leitor, mas hoje mesmo o status de leitor torna-se sinônimo de ser afeito a livros como 'Crepúsculo' e 'Doce veneno do escorpião' enquanto você pode enveredar por ler 'Guerra e Paz'. Muito diferente, mas o títulos que estes se atribuem são os mesmos. A mediocridade é uma sombra deturpada em aparência da essência, parece enorme, mas o que lhe atribui pode ser um objeto pequeno. Assim é o status de alguns uma aparência maior que a essência.
Vivemos num culto fitness da aparência em negação a substância. A hipocrisia é a praga desse século, os mesmos que se atribuem o imaculado exterior tentam por inveja criar um mesmo exterior de máculas a seu desafeto e alvo de inveja, mas rótulo não faz o produto, produto é quem faz o rótulo. No entanto, pra eles que seriam como veneno se atribuem rótulo de perfume, enquanto seu desafeto sendo perfume se atribui rótulo de veneno como se isso os tornassem mais cheirosos. Cultive sua essência, o verdadeiro brilho vem de dentro.
O artigo fora publicado originalmente na Obvious, clique aqui para acessar.
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