quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Era Pós-Verdade e o conflito do subjetivo e objetivo

Os limites entre verdade e mentira sempre foram determinados mais por critérios filosóficos e subjetivos, especialmente num mundo tomado pelo relativismo que permeia ambiguidades morais e de crenças, mas os limites entre fato e realidade passam expressar na verdade um problema de delimitações que melhor definam critérios objetivos de onde termina a subjetividade e a objetividade.


Outrora o marketing criativo induzia o público acreditar que filmes como 'A bruxa de Blair' ou 'Contatos de Quarto grau' fossem reais levando um legião de fãs degustarem obras áudio-visuais como sendo documentos da realidade. Todavia essa ideia em si não é nova, desde a meteórica transmissão de Orson Wells que narrava o livro 'Guerra dos Mundos' ter criado pânico, até os dias atuais onde tudo se tornou questionável no crescimento exponencial do ceticismo. Todavia desde remotos tempos onde as forças da natureza eram atribuídas a entidades se tornou claro que muitos acreditam apenas no que desejam crer ao emergir um conflito entre a subjetividade e a objetividade humana. Doravante a falta de delimitação de limites entre a objetividade cria claros conflitos desse modo a ponto de temer o dia o qual mesmo falar de 'maravilhas' atribuídas a Deus quando não sua própria existência ante o teísmo será considerado fake news pelo deletério fato de não haver provas.

Nos primórdios chamava-se Hoax, mas mesmo sabendo ser o diabo o pai da mentira a delimitação entre verdade e mentira ainda hoje é uma condição de essência filosófica, assim como fato e realidade por haver a condição interior do ser humano chamada subjetividade.

Naturalmente que o rigor científico tornou o conhecimento epistêmico de alto nível como vemos hoje ao multiplicar a ciência, todavia a fronteira entre ciência é fé se conjectura um problema na supressão de uma por outra, seja da ciência pela fé, ou a fé pela ciência. Torna-se preciso delimitar e definir fronteiras, não derruba-las a exemplo do próprio relativismo que contraditoriamente diz que a verdade ou o certo são relativos, ora se não devemos acreditar em 'fake news' igualmente devemos crer a inexistência do relativismo ou se aceita-lo permita-se as crenças subjetivas sejam da Terra Plana, teísmo e teorias da conspiração.


Mesmo Einstein postulou que sem a imaginação o homem e pouco, pois a raiz de descobertas são achadas pelo 'achismo' e apenas tidas certas em provas que lhe confirmem. Dos graus de hipóteses, a teoria até se tornar lei o percurso é a imaginação humana ainda que baseado em meros indícios.

Não concordo com terraplanistas, mas o grau de convicção deles é a mesma da convicção de Deus, subjetivo. Não se trata de burrice ou tolice. Todos tem o direito de acreditar no que quiser, desde que não sejam afirmações caluniosas constatadamente como afirmar ser eu um maluco, tarado e traficante. Não podemos abandonar a subjetividade ainda que o concreto muito menos, o fato no entanto se trata de manter uma coesão de sanidade pois assim como o questionamento se trata de conjecturar a possibilidade de não ser verdade, o mesmo é dos que acreditam na possibilidade de ser verdade. O que não podemos é deixar a subjetividade determinar o objetivo, pois assim nessa confusão a ficção será abolida. As vezes acusar fake news pode ser fake news.

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