Anarquismo s.m. Doutrina política que rejeita toda autoridade, em especial a do Estado, e preconiza a liberdade absoluta e a cooperação voluntária.
Ditador s.m. 1. Chefe de Estado que governa arbitrariamente e sem controle democrático; autocrata. 2. indivíduo autoritário.
Sistemas anárquicos; problemas das hierarquias; lei e comportamento; caos harmônico;
Creio não expressar a opinião geral dos que creem no anarquismo, todavia as implicações filosóficas e antropológicas acerca do tema creio ser relevantes às questões e dúvidas acerca disto. O problema crítico do anarquismo, assim como da humanidade, é comportamental análogo ao conflito hierárquico, justamente o ponto central que a anarquia combate. O texto do autor a seguir expressa após um longo exercício de reflexão e pesquisa, inclusive análogas a filosofia e física, um sistema de crenças que aspiram a uma cosmovisão por um corpo de conhecimento original.
A fim de compreender a anarquia temos que ter uma compreensão do sistema de desordenação da matéria, a entropia assim como consequentemente da teoria do caos. Ainda que possam haver fluxos e padrões o caos não segue hierarquias ou é espacial. Dela deriva-se mais informação do que energia ainda que possa se dar por exponenciação.
A lei são normas comportamentais, mas quem comporta-se não precisa de leis, por isso um sistema anárquico deve ser plenamente de consciência coletiva e individual onde a única lei é o bom senso, justamente a consciência ao compreender que um não pode estar acima do outro em suas liberdades, pois anarquia é ausência de hierarquia.
A Anarquia não significa inexistência de um sistema, pelo contrário, representa sua diluição completa, pois é o único sistema não hierárquico pleno. Sistemas sempre estão presentes, na natureza, física à biológica e o mesmo segue a fatores antropológicos. Mas quando hierárquico contradiz a própria essência anárquica, na prática explicando porque que muitas vezes falha pateticamente ao ser aplicado como exercício, um sobre o outro em suas liberdades. A anarquia é um compromisso não somente com a própria liberdade, mas a alheia.
Os problemas das hierarquias tornam-se quando acentuam-se abismos, ora o problema não está encima ou embaixo, mas justamente nos abismos que os criam. As discriminações, por exemplo, representam a acentuação das diferenças sem justificativas coerentes, o discriminado é rejeitado, não tem oportunidade, porque é julgado como inferior seja na cor, sexo, raça, orientação sexual, altura, crença ou etnia. Não existe discriminação que não tenha pretensa hierárquica. A discriminação é um recurso barato e imoral de hierarquização afim de submeter a quem é indesejado, e argumentos fracos ou falaciosos tendem ser compensados por força bruta.
A escravidão torna-se um exemplo de como a discriminação é hierárquica, o feudo ao animal selvagem territorial e o sexismo e machismo a igual estado análogo ao selvagem macho alfa. Mas estes não compreendem que ao abandonarmos as savanas desenvolvemos algo chamado socialização e cooperação, habitamos cidades, não selvas onde somente há conceitos retrógrados e antiquados de predadores e presas. Hoje são chamados de psicopatas, predadores sociais que tornam a sociedade insociável, estes tornam impossível a democracia plena quanto mais uma anarquia benevolente e altruísta.
Enquanto houver avidez pelo poder hierárquico, haverá discriminação, perseguidos, injustiçados e abismos. A discriminação, obstáculo a igualdade, superficial e vulgar não permite oportunidades iguais, pois a oportunidade torna o poder, poder almejado por indivíduos gananciosos, o ganhar a todo custo vem disto.
Ao honesto é mais importante estar certo do que vencer, pois sua vitória não está sobre o alheio, mas sobre si próprio, um valor que deve ser onipresente na anarquia. Quando necessita-se de inimigos a combater é porque se quer se soube conviver, àquele que briga por pequenas coisas é porque é grande a mesquinhez. A raiz do ódio, que demonstra-se na discriminação, não se pode agradar pois o ódio só se satisfaz na miséria e destruição de sua presa. O resultando anárquico pleno é vencer a própria condição humana de antagonismo e abismos, um ideal, não uma realidade.
Porém, observemos o caos como explicação adequada. Nele o tamanho não importa, ou seja, uma suposta posição hierárquica que a exemplo do efeito borboleta e sistemas complexos diz-se que mesmo uma borboleta pode provocar um furacão noutro lado do mundo. Um ser de posição aparentemente insignificante tem potencial anárquico que pode ser volátil. No caos não existe hierarquia de interações, não ordenança, mas influência.
A anarquia verdadeira assim é um sistema complexo de caos, uma rede que deve trabalhar harmonicamente pois subentende-se que a harmonia não é ausência de caos, mas sua presença equilibrada como fato entrópico. A anarquia sempre vai falhar quando o indivíduo sobrepor ao outro em seu poder ou liberdade, criando desequilibro e rompendo com os próprios princípios ao se sobrepor. A anarquia deixa de sê-la a tornar-se algo sem equilíbrio.
Melhor esquerda ou direita do que em cima ou embaixo, pois o poder ao manifestar-se hierarquicamente normalmente é perigoso, todos exemplos de conflitos, sem exceção, ocorreram em algum momento por má gestão hierárquica ou desejo por ela.
Todos conflitos da história humana foram na verdade conflitos de poder em sua hierarquização sendo na centralização dele ou na luta pelo domínio que fomentou a luta de classes de Karl Marx. Na luta de classes de Marx ele estava apenas circundando um problema pelo eterno paradigma da sucessão de hierarquia. Não se pode ir a frente quando se dá voltas em círculos.
Nestes casos a anarquia pode apresentar-se apenas como meio, um ponto, normalmente sem equilíbrio que leva a transitoriedade do poder. Mesmo isso pode ser demonstrado no capitalismo que fora uma criação feita para derrubar o sistema de governo monárquico a exemplo de revoluções. O domínio de capital leva a dominação de poder assim como a maioria dos sistemas totalitários ou autoritários.
O sistema democrático é o mais coerente hoje em voga nesse sentido, mas somente sofre crise de representatividade o que precisa ser representado. Ora, o melhor governo que existe é o que não precisa estar presente.
A verdadeira democracia é uma anarquia amena pela representação, mas quando o representante serve ao povo, não o contrário. Isso porque em teoria o poder deve estar centralizado no povo, não no governante, na constituição, não no indivíduo que deve zelar por ela. O preço da democracia é a oposição, da anarquia a harmonização, anarquia plena é um sistema com ausência de conflito e adversidades, pois o bom senso e o consenso é o melhor dos governos.
Os sistemas anárquicos assim dispersam o poder através da harmonização do consenso e bom senso e da conscientização. Somos parte integrante do sistema que criamos, mas uma anarquia somente dará certo sendo responsável individual e coletivamente.
Sobre casos de calamidade uma anarquia sempre deve estar abastecida de indivíduos de guarda, formadores de opiniões e intelectuais modelos prontos para tornar a harmonia o sistema anárquico, eles formariam um comitê permanente de membros alternadamente rotativo de opiniões e conselhos. Estes se permitiriam pedir e sugerir, tornando apenas necessário a ordenança em caso de calamidade onde um estado provisório se instalaria. A influência é melhor que a ordenança, o povo responde melhor a sugestão do que a obrigação. Isso porque o mais perto de hierarquia seria o conhecimento, indivíduos que possuam mais conhecimento devem ser mais ouvidos, no caos o que mais influí é a informação, não a energia ou a massa da matéria.
O papel desse governo provisório é transitório a um estado anárquico harmonioso, sempre que há problemas sociais esse manifesta-se até resolve-lo, isso seria uma anarquia organizada. A associação da anarquia as calamidades sempre levarão a seu oposto antagônico, a calamidade exige guias e líderes, pois a orientação se torna imprescritível quando há pânico.
Assim a anarquia vem sendo utilizada como antítese ao Estado, quando não é. É, na verdade, a síntese da harmonia igualitária entre indivíduos ante o coletivo, o povo é o estado. A anarquia é apenas antagônica diametral a ditadura e autoritarismo.
O totalitarismo aspira a unanimidade, assim torna-se arrogante, irresponsável e circundante. Os que se dizem impecáveis e inquestionáveis são os que mais se deve desconfiar, pois todos ditadores aspiram a essa pretensão. Os mais ávidos pelo poder são os que mais precisam é ser governados, poder e ganância são compatíveis apenas com regimes totalitários e autoritários, porém, seus resultados sempre são catastróficos.
O conceito de utopia dos tiranos seria um delírio unilateral de parasitismo onde os inferiores devem ter função dobrada para os que não tem função pra nada, uma ineptocracia autoritária. O modelo não é bom, nunca foi praticável, pois somente funciona para os que dele se privilegiam, poucos. Isso prova apenas que os abastados precisam dos pobres, não o contrário.
O impacto do sistema anárquico é uma representação antropológica do caos, não territorial/espacial como nas disputas de animais selvagens que se reproduzem aos homens pela disputa de poder e fronteiras ou luta de feudos, mas social inerente ao estado avançado de civilização madura, temporal pelo ícone da informação, a única verdadeira hierarquia o qual não precisa submeter a não ser pela retórica, pois o caos não nutre respeito hierarquia e pela dimensão espacial, mas a temporal. A melhor compreensão de suas premissas são expressas no livro 'Ars Ad Speculum' do qual igualmente sou autor.
Trecho de 'Sistemas Anárquicos' de Gerson Machado de Avillez
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
Críticas a Sociedade
Há alguns anos assisti uma reportagem no Fantástico – quando
ainda era bom – sobre uma cidade no interior dos Estados Unidos em que o
governo quase não era presente. O experimento social que se seguiu involuntariamente
parecia dar razão a alguns pressupostos do movimento anarquista. Não havia
crimes, tão logo não havia necessidade de polícia, economicamente mantinha-se
com autonomia e maturidade social.
Aquilo me impressionou e me levou a questionar o modelo convencional
de política e consequentemente a crise de representividade no Brasil. Uma
sociedade debilitada, com problemas sociais, econômicos, na saúde, educação e
transportes é preciso um governo para procurar intervir em resoluções práticas
aos problemas sociais, ou seja, o governo é preciso para os que precisam ser
governados.
Compreensível que mesmo as leis existem para guiar a conduta
e comportamento humano numa sociedade servindo de guia a suas obrigações e
direitos, como diz o apostolo Paulo, a lei é para os que estão sem lei, no
contexto de não terem uma conduta coerente. Precisamos assim de alguém que
represente nossas necessidades e não só, mas ser melhor do que nós para
orientar, guiar e governar, ora mesmo médicos se fazem necessário por haver
doenças assim são os políticos.
Mas o problema se agrava quando as imperfeições da sociedade
são utilizadas como instrumentos da convocação do poder, dos que não nos governam,
mas a si próprios, não estão interessados em liderar, mas dominar. Há daqueles
o qual a política aproveita-se das dificuldades como se vendesse um remédio por
uma doença, graças a doença. Por isso o experimento social da anarquia nunca
deu certo: não havia preparo evoluído e maduro o bastante para a autonomia
social.
Um exemplo disso são as ditaduras, o regime fascista e
tantos mais, ainda que mediante uma situação caótica e de calamidade se faça
necessário líderes, heróis, polícia e médicos a de ser considerado um
retrocesso numa sociedade anarquista benevolente e altruísta onde a sociedade
atingiu um nível de evolução e maturidade ímpar e creio que mesmo os sistemas
de castas e classes não se fariam necessário, como diz na bíblia ‘cada um daria
conta de si’.
O governo funciona assim como um pai ou mãe, eles são
precisos até que a criança se torne adulta e madura, evoluída o bastante para
que cuide de si mesma sem a necessidade do governo dos pais ou uma governanta,
que recebe esse nome justamente por isso.
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