sábado, 26 de novembro de 2016

Preconceitos da Literatura Fantástica Tupiniquim

Ao ir na premiação mais importante da literatura fantástica no Brasil, constato a condição que reflete nossa literatura fantástica atual. O auditório estava vazio, apenas alguns dos indicados e alguns membros mais ativos marcaram presença o que me deixou triste.

Enquanto o evento anterior no teatro Machado de Assis, no Armazém 3 da região portuária do Rio - que sedia o LER, evento dedicado a literatura - havia até mesmo impressa, para nossa literatura haviam apenas uns gatos pingados e um fotógrafo registrando o evento para casa, creio.



Não obstante, houveram alguns problemas ainda que o incomodo mesmo tenha sido o vazio que ao meu ver refletia o abismo entre a literatura do gênero no Brasil e a norte-americana. O já tradicional Clube de Leitores de Ficção Científica o qual pertenço assim como a maioria dos autores do gênero parece ter conquistado um pequeno espaço apenas, e a duras penas.

Por qual motivo a literatura fantástica custa a engrenar no Brasil, principalmente comercialmente? Vivemos a extensão do projeto de imbecialização cultural norte-americano a longo prazo em prol das elites inaptas que almejam que aceitamos tudo que querem incondicionalmente de modo acrítico. O projeto já logrou êxito nos Estados Unidos torando mentes letárgicas e acríticas na aceitação apática de tudo numa ‘normopatia’ pela cultura industrializada, vide, norte-americana.  Tirando momentos o qual um solavanco que façam sentir em risco o estilo devida deles, os povos das nações cujo poder não pode ser vencido pelas elites acaba apenas adormecendo, tal como ocorre aqui no Brasil.

Essa passividade é primeiramente cultural que a exemplo do Brasil não somente aceita a cultura a alheia como parece substituí-la por produto importado. Esse é o exato sonho do imperialismo norte-americanos que visa ter dos países oprimidos apenas telespectadores, mão de obra barata e nossas riquezas a troco de lixo. Assim se destrói os talentos, tira-se as oportunidades e alarga-se abismos para que se assegure que estes não sejam capazes de atravessa-lo a exemplo de mim. Ficamos a mingua de um limbo entre o anonimato e a influência retraída por transferência moral.

Essa supressão acontece não por uma invasão cultural, mas pela formação de estereótipos pelo senso comum de modo a gradativamente substituir a literatura pelo cinema, o nacional pelo norte-americano – quando naturalmente um não substituí o outro, e vice-versa. Mas isso acontece pela formação de pré-conceitos com os próprios talentos nacionais a exemplo de que: toda história fantástica melhor é a norte-americana.

“Somos vira-latas”
O complexo de vira-latas brasileiro é uma variável do que James Agrey metaforizou para os africanos sobre ser águia ou galinha. É um pensamento inferiorizante como extensão do pensamento opressor que inferioriza nos condicionando a aceitar uma condição que não é, necessariamente, inerente a nossa natureza. Literatura de "pedigree" no gênero ficção científica, apenas a internacional.

Mesmo o hábito de não leitura é um antigo conhecido brasileiro e agravante comum dessa condição. Sou minoria na leitura por amor, mas seu oposto parece ter caminhado culturalmente como resultado do exercício de uma educação deficiente que apenas perpetua o pragmatismo dessas ideias que formam anti-intelectuais.

A exemplo do cinema, por mais bela que seja em sua junção de todas as artes, em sua maioria os filmes norte-americanos são feitos para pensarem pela gente, apenas usamos nossos cérebros para absorver e engolir o que já está mastigado de modo condicionado, enquanto livros são um exercício a imaginação e interpretação subjetiva.

Digo assim que para a solução disso, deve haver uma cultura artesanal produzida com o pensamento nos corações, não nos bolsos, pois mesmo a exemplo das empresas americanas elas não começaram como indústrias, mas nas garagens de garotos rebeldes.  Mas, sobretudo, devemos atingir fundo os paradigmas de nossa própria cultura de modo a transforma-la por dentro, não num nacionalismo obtuso como a do nazismo, mas como um delineador de nossa identidade e Ethos.