Ao ir na premiação mais importante da literatura fantástica no
Brasil, constato a condição que reflete nossa literatura fantástica
atual. O auditório estava vazio, apenas alguns dos indicados e alguns
membros mais ativos marcaram presença o que me deixou triste.
Enquanto o evento anterior no teatro Machado de
Assis, no Armazém 3 da região portuária do Rio - que sedia o LER, evento
dedicado a literatura - havia até mesmo impressa, para nossa literatura
haviam apenas uns gatos pingados e um fotógrafo registrando o evento
para casa, creio.
Não obstante, houveram alguns
problemas ainda que o incomodo mesmo tenha sido o vazio que ao meu ver
refletia o abismo entre a literatura do gênero no Brasil e a
norte-americana. O já tradicional Clube de Leitores de Ficção Científica
o qual pertenço assim como a maioria dos autores do gênero parece ter
conquistado um pequeno espaço apenas, e a duras penas.
Por
qual motivo a literatura fantástica custa a engrenar no Brasil,
principalmente comercialmente? Vivemos a extensão do projeto de
imbecialização cultural norte-americano a longo prazo em prol das elites
inaptas que almejam que aceitamos tudo que querem incondicionalmente de
modo acrítico. O projeto já logrou êxito nos Estados Unidos torando
mentes letárgicas e acríticas na aceitação apática de tudo numa
‘normopatia’ pela cultura industrializada, vide, norte-americana.
Tirando momentos o qual um solavanco que façam sentir em risco o estilo
devida deles, os povos das nações cujo poder não pode ser vencido pelas
elites acaba apenas adormecendo, tal como ocorre aqui no Brasil.
Essa
passividade é primeiramente cultural que a exemplo do Brasil não
somente aceita a cultura a alheia como parece substituí-la por produto
importado. Esse é o exato sonho do imperialismo norte-americanos que
visa ter dos países oprimidos apenas telespectadores, mão de obra barata
e nossas riquezas a troco de lixo. Assim se destrói os talentos,
tira-se as oportunidades e alarga-se abismos para que se assegure que
estes não sejam capazes de atravessa-lo a exemplo de mim. Ficamos a mingua de um limbo entre o anonimato e a influência retraída por
transferência moral.
Essa supressão acontece não por uma
invasão cultural, mas pela formação de estereótipos pelo senso comum de
modo a gradativamente substituir a literatura pelo cinema, o nacional
pelo norte-americano – quando naturalmente um não substituí o outro, e
vice-versa. Mas isso acontece pela formação de pré-conceitos com os
próprios talentos nacionais a exemplo de que: toda história fantástica
melhor é a norte-americana.
“Somos vira-latas”
O complexo
de vira-latas brasileiro é uma variável do que James Agrey metaforizou
para os africanos sobre ser águia ou galinha. É um pensamento
inferiorizante como extensão do pensamento opressor que inferioriza nos
condicionando a aceitar uma condição que não é, necessariamente,
inerente a nossa natureza. Literatura de "pedigree" no gênero ficção científica, apenas a internacional.
Mesmo o hábito de não leitura é um antigo
conhecido brasileiro e agravante comum dessa condição. Sou minoria na
leitura por amor, mas seu oposto parece ter caminhado culturalmente como
resultado do exercício de uma educação deficiente que apenas perpetua
o pragmatismo dessas ideias que formam anti-intelectuais.
A
exemplo do cinema, por mais bela que seja em sua junção de todas as
artes, em sua maioria os filmes norte-americanos são feitos para
pensarem pela gente, apenas usamos nossos cérebros para absorver e
engolir o que já está mastigado de modo condicionado, enquanto livros
são um exercício a imaginação e interpretação subjetiva.
Digo
assim que para a solução disso, deve haver uma cultura artesanal
produzida com o pensamento nos corações, não nos bolsos, pois mesmo a
exemplo das empresas americanas elas não começaram como indústrias, mas
nas garagens de garotos rebeldes. Mas, sobretudo, devemos atingir fundo os
paradigmas de nossa própria cultura de modo a transforma-la por dentro,
não num nacionalismo obtuso como a do nazismo, mas como um delineador de nossa identidade e Ethos.